Noite de estreia. Muitos que me acompanharam sabem que essa temporada é especial para mim. Não tenho mais temor do palco. Ele já faz parte da minha vida. Minha casa.
O que temo é o olhar crítico daquele velhinho sentado na primeira fila. Ele conhece cada centímetro do palco. Ele conhece todas as técnicas de se fazer gargalhar, de conduzir um público. Ele fez isso a vida toda.E faz bem.
Ele fez
tão bem que criou discípulos por toda parte, até desconhecidos. Vê-lo na
primeira fila me acompanhando em cada gesto me enche de orgulho e
responsabilidade. Sei que no final ele virá me cumprimentar.
Hoje eu quero abraça-lo, dizer-lhe o quanto foi importante para mim, suas dicas, seus conselhos. Eu sou mais do que um discípulo dele. Eu sou seu filho.
Hoje eu quero abraça-lo, dizer-lhe o quanto foi importante para mim, suas dicas, seus conselhos. Eu sou mais do que um discípulo dele. Eu sou seu filho.
Com os
outros ele era o palhaço. Comigo, severo, crítico. Nunca entendi porque essa
distância , mas ao agradecer o público no final, quero homenageá-lo porque
afinal de contas, eu me espelhei nele. Pedi a um amigo que fotografasse esse
instante.
Nossos
passos, um em direção ao outro, parece que foram infinitos. Não vi ninguém e no
atrevimento de palhaço, aproveitei para abraça-lo. Ele não compreendeu muito,
mas não rejeitou. Isso já foi um avanço. “Obrigado, papai” sussurrei aos seus
ouvidos no meio do aplauso da multidão!
Ele,
pegando o microfone das minhas mãos, acalmou a multidão e disse: “Por muito
tempo esperei por esse momento. Os aplausos que vem de vocês são importantes
para um artista. É a cobertura do bolo, é a medalha do atleta, é a coroa do
maratonista. Na corrida da vida o prêmio de um pai é o abraço de um filho!
Abraço, ainda que seja de um palhaço!”
Estória
escrita por Abel de Moraes